Luiz Antonio Ferreira dos Santos Filho; Tainan Messina. 2012. Maytenus ilicifolia (CELASTRACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Distribui-se nos Estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (Lombardi et al., 2012).
<i>Maytenus ilicifolia</i> caracteriza-se por subarbustos a árvores. Não endêmica do Brasil. Ocorre nos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Campos Sulinos, principalmente em florestas ombrófila mista e estacional semidecidual, nos capões e margens de rios das estepes, especialmente em áreas de influência fluvial. Encontrada predominantemente na região Sul, sendo pouco abundante em São Paulo e Mato Grosso do Sul. Apresenta EOO de 1.103.997,13 km². Protegida por unidades de conservação (SNUC). Apresenta potencial medicinal, porém não está sob alguma ameaça direta. Bem representada em coleções científicas. Não ameaçada no contexto nacional.
Maytenus ilicifolia é frequentemente identificada como M. aquifolia. Apesar de serem espécies taxonomicamente bem definidas, pela forma de seus ramos, há uma grande similaridade entre flores e folhas. M. ilicifolia é distinta das demais espécies da seção, principalmente por seus ramos angulosos tetra ou multicarenados e seus frutos orbiculares de coloração vermelho-alaranjada. Nomes populares: "espinheira-santa", "cancorosa", "espinheira-divina", "erva-cancrosa", "erva-santa", "cancerosa" (Carvalho-Okano, 1992).
Estresse | Ameaça | Declínio | Tempo | Incidência | Severidade |
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1.3 Extraction | |||||
Tradicionalmente, as folhas da espinheira-santa são coletadas nas florestas, porém, com a redução destas pela expansão dos centros urbanos, agricultura, pecuária e outros fatores antrópicos, o número de árvores vem se reduzindo drasticamente. Isto, associado ao aumento na demanda provocado pela comprovação de suas propriedades terapêuticas, está submetendo a espécie a grave erosão genética. O corte sistemático dos ramos novos reduz a produção de sementes, pois a produção de frutos concentra-se nos ramos do ano anterior. Existe até o risco do desaparecimento em determinadas áreas, conforme já constatado no Paraná. Universidade e órgão de pesquisa estão realizando estudos que visam estimular seu cultivo. Porém, estima-se que 95% da espinheira-santa consumida ainda é obtida por extrativismo. Há poucos dados oficiais do extrativismo uma vez que os coletores agem ilegalmente (Scheffer, 2004). Em decorrência da comprovação científica das propriedades antiulcerogênicas da espinheira-santa, houve no comércio um brusco e significativo aumento da demanda pela planta, sem o devido planejamento para garantir a sua produção. De fato, até então, a espécie não era cultivada e toda folha de espinheira-santa provinha do extrativismo. As primeiras tentativas de cultivo foram frustrantes devido a baixa germinação das sementes e pelo crescimento lento. Essas dificuldades acarretaram o desânimo dos agricultores e favoreceram um extrativismo desenfreado, pondo a espécie em risco de extinção (Magalhães, 2002). A redução das árvores de espinheira-santa vem preocupando os produtores. Segundo um dos coletores tradicionais, com 45 de experiência, nos últimos 10 anos ele observou uma redução de 30% no rendimento das áreas em que ele coleta, decorrente da expansão das áreas urbanizadas e da exploração excessiva. A tendência atual é a ampliação das áreas de cultivo da espécie em consequência da redução drástica das populações naturais e da exigência de maior qualidade do produto por parte dos compradores, especialmente por empresas idôneas. Depois da demanda inicial no final dos anos 80, após a divulgação dos resultados que comprovam as propriedades terapêuticas da espinheira-santa, a demanda se estabilizou na década de 90. Atualmente a demanda tende a aumentar novamente em função do desenvolvimento de novos medicamentos com espinheira-santa. Este aumento, em conjunto com a redução das populações nativas, tem estimulado o cultivo da espécie para garantir às indústrias um fornecimento de matéria-prima adequado em quantidade e com a qualidade necessária (Scheffer, 2004). Segundo a autora, apesar da atenção que a espinheira-santa tem recebido por parte de universidades, órgãos de pesquisa, serviços de extensão e fiscalização, os resultados práticos estão sendo insuficientes para garantir sua preservação. A falta de integração na atuação dos diversos órgão envolvidos e a falta de organização dos produtores contribuem para este quadro (Scheffer, 2004). |
Ação | Situação |
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1.2.2.2 National level | needed |
Segundo Vieira (1999) estudos sobre a conservação in situ e sistemas sustentáveis de colheita ainda são necessários para a conservação da espécie. Estratégias para conservação genética em Maytenus ilicifolia devem ser estruturadas de acordo com os parâmetros ecogeográficos locais, realizando a coleta em cada um dos compartimentos ambientais em que os indivíduos se encontram (Bittencourt, 2001). |
Ação | Situação |
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1.2.1.3 Sub-national level | on going |
Considerada "Rara" (RR) pela Lista vermelha daflora do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995). |
Uso | Proveniência | Recurso |
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Bioativo | ||
As folhas de Maytenus ilicifolia são usadas na medicina popular como antiácido e atividade antiulcerogênica (Vieira, 1999), antiespasmódico, contraceptivo, antiulcerogênico, diurético, cicatrizante e analgésico (Mossi et al., 2009). |